terça-feira, 30 de março de 2010

a primavera chegou



Veio e me perguntou sobre as flores, quer saber sobre as flores e, logo!
Pedi um pouco mais de paciência, lhe expliquei que o tempo ainda é pouco e, que eu gosto de dormir cedo...

Disse-me que todo tempo é curto, é verdade, mas é elástico também.
Ela sabia que o inverno me pusera uma questão, sobre o porquê do meu fazer e, que não tenho um sono regular desde então.
Não demorou e, aumentou mais uma hora do meu dia.

Disse-me que o porquê do fazer vem com o tempo, se vier, mas que deve ser feito, mesmo que só por prazer...

"Você não tem mais desculpas, sai pra rua, vá buscar suas flores!"

quarta-feira, 24 de março de 2010

mon petit cahier - os primeiros rabiscos de mais um começo

Começa no dia em que a vida me cuspiu pra fora de casa, como quem diz, "Vai, menina, já é hora!"; mas não me disse hora do que, nem porquê.
E como quase tudo em minha vida, claro que era a hora pra muitas coisas, mas já não me cabia mais escolher.
Deixei a vida se encarregar dos grandes acontecimentos, de toda beleza. No final das contas, acho que ela é a grande autora mesmo, eu, sou só personagem, mas não sou só.
Meu combinado com a vida é de poder escolher quantos protagonistas eu quiser, pra poderem desempenhar comigo esta função.
Mas pra provar pra mim mesma, a minha força, de tempos em tempos a vida me mostra sozinha.

Pela primeira vez na vida posso entender o meu real sentido de "flutuar", pude ver as ondas desempenharem sua função comigo seca, apenas os olhos húmidos, às vezes...
Não vou dizer que é ruim na maior parte do tempo ou que me sinto mal na maioria das vezes, seria mentira.
Mas sozinha, num mundo velho, eu lhes digo, não é fácil.
Não que eu não me sinta pronta, algumas pessoas são sempre prontas pra quase tudo, ou por não pensarem nas consequências ou por gostarem demais de "sim" e, eu me sei!
Mas parece que na vida, os acontecimentos se coincidem, parece que foi tudo pensado para que meus passos estejam certos, retos.
Talvez minha mãe fique feliz com esse fato.
Não que eu ache que em outra circunstância eu não voltaria, eu voltaria com certeza.
Mas sinto em mim, o ímpeto de querer dominar este dragão que só me tem cuspido flores ao invés de fogo, tão grande, tão bonito.
Mas acontece que em mim, foi despertado, algo ainda mais bonito e, parece que no mundo, meu lugar foi definido.
Eu posso, posso estar em qualquer lugar do mundo, eu sei, posso me adaptar a qualquer situação, qualquer.
Mas preciso do meu lado, sentir a presença.
A doce presença da concretização de um encontro.
Porque se não for assim, o frio é intenso demais, minha pele não aguenta.

Atravessei um oceano pra poder me saber livre e, agora sei com certeza, um dos melhores sentimentos do mundo é o de querer se comprometer, assim, espontaneamente.

Viajei mais de 20 horas pra tentar saber mais sobre a arte do instantâneo, descobri muito mais sobre o tempo! Descobri que o mais importante não é o momento em que o tempo pára pra sempre, mas quanto tempo é dispensado para refletir sobre o querer ou não e porquê parar o tempo.

Adiantei 4 horas do meu dia-a-dia para ouvir diferente o que me faria mudar, mudei.

Mas por enquanto, continuo sem saber organizar meus cadernos...


Arles - Março/2010

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

23.02.2010 | Arles - FR



Pas noir mais est charmant.

Até o gato é elegante...

22.02.2010 | Arles- FR



La ville de Van Gogh!!

21.02.10 - Frankfurt



Meu coração, junto com a temperatura, gelou de saudade, de ansiedade com a nova perspectiva...

Mas a viagem continua!

Eu tô na rua e, vou como e pra onde Deus quiser.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

o que sei sobre ela.

Aprendeu a regar seu jardim com as lágrimas das despedidas, pra nunca mais deixar nascer tristezas.
Entendeu que lavanda na varanda, não só espanta escorpiões, como também dá forma ao sonho de sair para enfrentar dragões.
Viu que se fez vento, o que um dia foi morada e, libertou o leão com ou sem dente que agora flutua contra a corrente, no meio de tanta gente que nada entende de semente plantada.
Ficou na lembrança, a brincadeira de criança, de fazer chegar a chuva e, nunca mais esquecerá o dia em que, de braços abertos, fez um céu inteiro, derramar lágrimas doces sobre seus olhos salgados, enjoados de chover.
E lembro como se fosse agora, o dia em que ela aprendeu a inventar o tempo.
Se hoje venta a hora que ela quer, é porque hoje, ela vive no tempo em que se inventa jeitos de viver como quiser.

o que eu sei sobre eles.

Começou numa festa de faculdade, ele não a viu chegar.
Ela entrou, a festa já estava na metade, ela não gostava de se atrasar.
A primeira coisa que ela reparou, foi no formato dos olhos, o jeito como combinavam com o despenteado do cabelo, depois, foi a espessura dos lábios que ela viu.
Ele sentiu naquele momento, dentro dele, alguma coisa esquentar, mas claro, ele nunca iria relacionar.
Depois da terceira garrafa vazia ao lado dele, outras coisas ela foi notar, o jeito como todos ao redor o admiravam, mesmo quando ele, embriagado, contava as cartas do baralho de todos os adversários, ele subia na mesa e, em sua defesa recitava um poema de coração, começava falando dos amigos, depois sobre a vida, sobre as saias das meninas, sobre o buraco em seu coração.
Os recém-chegados, chocados, pensavam ser mais um poeta da paixão. Os mais chegados, acostumados, já lhe preparavam um colchão.
Ela estava de costas quando ele a viu, ele achou bonito o comprimento do cabelo, mas achou tão mais lindo, quando ela se virou e sorriu.
O calor que ele sentira, ela também sentiu.
Ele ficou atordoado, sentiu falhar a respiração.
Encorajado pela cor nos olhos da moça, ele a chamou para dançar.
Ela aceitou, animada com a idéia de poder, nos cabelos dele tocar e, o entrelaço com seus dedos foi mesmo, como imaginará, encantada, baixou os dedos para a nuca, sem saber, massageou o caração escancarado do rapaz.
E ele, sempre tão cheio de palavras, embriagado no perfume, sentiu a voz faltar.
Três dias se passaram quando a música terminou, só então eles perceberam, que já não sentiam seus pés no chão e, o som que agora escutavam, era da batida de um terceiro coração.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

sonhei você pra mim

Sonhei você pra mim já faz um tempo.
Numa brincadeira de criança, entalhei em madeira de lei seu sorriso, coloquei no lugar dos olhos, espelhinhos polidos refletindo o azul do céu.
Imaginei sorrindo a temperatura do seu corpo e, neste momento deixei que o primeiro sol da manhã esquentasse o meu, na tentativa de te sentir, te imaginar, sem nem mesmo te conhecer.
Soprei baixinho ao vento mais algumas características...
Coração gigante, e braços fortes, você sabe o que quer e como conseguir.
Abraço aconchegante e, palavra única, você não volta atrás, sabe seguir em frente.
Pernas bonitas e perfume suave, você me envolveu como ninguém o fez.
Não sei se por acaso, ou ventania, você chegou à mim e, eu à você.
Se sua natureza é vento, se preciso fosse eu me rein-ventaria por você.

Vou junto, pra onde quer que você vá...