segunda-feira, 27 de julho de 2009

sobre a falta



saudade boa é a que tem hora pra acabar

bom é ser pega de surpresa quando a saudade acaba

e o vazio é, surpreendente e misteriosamente, esvaziado com sorrisos!

a saudade nos olhos



se não for esvaziada com abraços,
escorre tanto que até murcha...

a velha paz








quando nada precisa ser dito...


seca


tão torto, tão certo
errado seria negar o que me toma num súbito.

só vou querer as de papel



Quis colocar minhas lágrimas na tampa da minha caneta,
só pra ver se assim, elas escorriam pra fora, no papel, tudo aquilo que eu sentia, pra que eu pudesse ler e entender.
Mas não deu, elas transbordaram palavras que eu não conhecia...

Quis lhe dar minhas lágrimas,
pra que ele pudesse provar do próprio sabor, salgado demais, inadequado pra mim.
Mas não deu, elas secaram antes dele chegar, beber de mim.

Quis guardar minhas lágrimas,
pra que amanhã, eu não as esquecesse e, nem depois, pra que desse jeito, não mais doesse por aqui...
Mas não deu, elas regaram um jardim de sentimentos coloridos, lindos; e por serem tantas, como algumas plantas, que com água em abundância morrem, fizeram murchar em mim, toda e qualquer lembrança ruim...

Fiquei sem entender, ele sem saber, e o jardim a florescer...

quinta-feira, 23 de julho de 2009

a insônia constante do viver

Quando eles despertarem, nós que nascemos acordados, já teremos colhido os frutos mais bonitos, os mais saborosos!
E a fertilidade da sinceridade fará nascer um jardim inteiro, mas com uma beleza construída por pedaços...
A vida é leve, quando escorre uma lágrima triste num rosto, é doída, mas é também transformação, como o orvalho que amanhece numa maçã.
Minha maçã amanheceu úmida, mas trasformada como sempre.

Ela nasce, cresce, chora, se transforma, se molda, se solidifica e não morre nunca.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

o que corrói..



hoje o dia terminou num grito abafado em brasa.

terça-feira, 21 de julho de 2009

sobre mim..

Me encaro de frente
Arremesso ao chão, a imagem do espelhho
Eu me recuso a ser um único inteiro
Sou feita de pedaço e, aos pedaços, choro lágrimas vermelhas
Porque é sangue, o que escorre de uma vida intensa
E é dor, o que marca a pele e escancara um coração insatisfeito
Com um rombo no peito, e um vão exagerado entre os dedos, sigo em frente.
Vou plantando meus pedaços pr aí

Hoje a parte que te cabe é vão.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

não quero portas, só janelas...



Tem uma árvore na minha janela, e eu já me sinto fruto dela.
Achei meu lugar na vila colorida, aquela onde crescem árvores nas janelas.
No galho mais alto, junto as folhas mais verdes, fiz minha casa.
E já quase me sinto como um certo passarinho, que é de Barros, mas não é João, tão raro, na constante busca pelo nada, que canta cores de felicidade inusitada.

Acima de mim, só o céu, e tudo aquilo que vem com ele.
Nuvens, chuva, e as estrelas...

que se guarda, e se perde...

É quase como comprar uma roupa linda e colorida, que faz você se sentir bem; e não usá-la com medo de gastar.
Ela fica lá, guardada, ávida ao toque da pele, enquanto você se conforma com o pretinho básico e, seguro, segue em frente na certeza de que numa ocasião especial, sempre terá algo mais interessante e apropriado para vestir.
Eis que a ocasião oportuna chega de surpresa.
Você se anima e, corre ao armário, àquele cantinho das coisas importantes; separa a roupa em cima da cama, toma banho, se perfuma, se prepara, se imagina. E então a veste, ou quase...
Ela não serve mais!
Talvez um pouco gordo, talvez sério demais, talvez corajoso de menos, certamente mais triste.
Então, despido da ilusão do tempo, em vão, você deseja atrasar o relógio alguns meses.
Se antes pra você não servia, hoje você não serve mais.
O tempo passa impiedoso.
E você pode até atrasar o relógio, mas teu próprio corpo dirá que alguns medos, te deixarão marcas que nem plástica dá jeito.
Revoltado com o tempo que passou, você põe a roupa na pilha para doação, na tentativa de se desfazer daquela prova irrefutável de uma possível felicidade que passou.
E quando então você percebe, que enquanto se revolta e se deprime com o tempo, ao invés de tentar reparar ou ajustar alguns pontos, a pilha de doação se foi, e agora, outro usa aquela roupa, a felicidade, em seu lugar.
Uma pena....

quinta-feira, 9 de julho de 2009

o que me cabe agora

Não demora
E chega a hora
Nossa troca
Uma vida contida por minhas horas, injustamente roubadas
Não demora
e mais uma vez
Chega a hora
Nossa hora

Se o exageiro faz um vício, eu me arrrisco, quero mais.
E vou, eu mesma, buscar...
As partes todas completam o jogo, mas não definem o todo dessa realidade latente.