terça-feira, 23 de junho de 2009

que morre e nasce a cada instante..



Quando acordei, de alguma forma eu sabia que aquele seria um dia estranho.
Não demorou muito e, um acontecimento banal, tão comum na minha corriqueira aceitação, me borbulhou a mente, até então anestesiada.
Com raiva, bati aquela porta com tanta força, que a casa toda tremeu, e em segundos, desabou.
Muda, temi ter posto abaixo os tijolos de uma personalidade recém-construída.
Pois vi, que em instantes, nem mesmo meus alicerces foram capazes de conter aquele sentimento brutal que me tomara.
Fechei os olhos pra não ver aquilo que por tantas vezes, tentei deixar do outro lado da porta. Mas as paredes em ruínas já não encobriam mais nada. Eu estava então, só, camuflada na destruição de um cenário encantado.
A casa estalava compassada com o pulsar de meu coração, cada vez mais forte.
Com as mãos no rosto, por um vão entre meus dedos, arrisquei um olhar vago.
Uma luz amarelada me cegou de imediato, e me atordoou um pouco, até que minhas retinas se acomodaram.
E foi aí, que um milagre aconteceu.
Destruída, a casa teve seus cômodos todos expostos.
E a mesma luz amarelada, que me tocou os olhos, pode tocar cada pedaço daquela casa destroçada. Eu já não escutava mais nada. E mesmo que eu não estivesse sozinha, e por algum motivo minha voz me importasse, eu não falaria uma só palavra.
Fiquei horas contemplando o caminho da luz sobre os escombros, iluminado aos poucos, mas consistente; e imaginando o que aquilo tudo significava.
Passei meses procurando novas casas e respostas para o tal acontecimento.
E embora eu continue, ainda hoje, sem qualquer conclusão concreta, estou certa de que fui mudada.
Eu, hoje, edifico meu comportamento todo em liberdade. Sou minha própria morada, o refúgio da então constante fuga de mim mesma, eu sou, sou meus defeitos e minhas qualidades. Acredito que flores nascem o tempo todo, não só em vão, mas nos vãos onde são necessárias. Entendi que a minha vida, não é só uma questão de "as coisas como elas são", mas de como determino que meu olhar as veja.

Flores sempre nascem onde são necessárias, eu as vejo.



Nenhum comentário:

Postar um comentário

teje a vontade!